segunda-feira, 16 de março de 2009

Boa Notícia da sua cruz,

CIDADE DO VATICANO, domingo 15 de março de 2009 (ZENIT.org).- O Papa dedicou hoje sua intervenção durante a oração do Ângelus a falar sobre a sua próxima viagem à África aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, afirmando que ele quer levar à África «uma mensagem de paz».
«Parto para a África com a consciência de não ter outra coisa a propor e entregar àqueles com quem eu me encontrar senão Cristo e a Boa Notícia da sua cruz, mistério de amor supremo, de amor divino que vence toda resistência humana e que torna possível in! clusive o perdão e o amor aos inimigos», afirmou o Papa.
Ele explicou o porquê das duas etapas da viagem: a Camarões «para entregar o ‘Instrumento de Trabalho’ da 2ª Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que acontecerá em outubro aqui no Vaticano».
A seguir, a etapa da Angola, «um país que, após uma longa guerra interna, reencontrou a paz e agora está chamado a reconstruir-se na justiça», suporá um abraço ao «continente africano inteiro: suas mil diferenças e sua profunda alma religiosa; suas antigas culturas e seu fatigoso caminho de desenvolvimento e de reconciliação; seus graves problemas, suas dolorosas feridas e suas enormes potencialidades e esperanças».
«Quero confirmar os católicos na fé, animar os cristãos no empenho ecumênico, levar a tod! os o anúncio da paz confiado à Igreja pelo Senhor ressuscitado», acrescentou o Papa.
A igreja, assegurou o Papa, «não procura, portanto, objetivos econômicos, sociais ou políticos; a Igreja anuncia Cristo, convencida de que o Evangelho pode tocar os corações de todos e transformá-los, renovando dessa forma desde dentro as pessoas e a sociedade».
Especialmente, o Papa confiou o êxito da viagem a São José, cuja festa celebrará durante sua estadia no continente africano, e também às orações dos fiéis católicos.
Ele pediu a intercessão do santo para «a próxima peregrinação e as populações da África inteira, com os desafios que a marcam e as esperanças que a animam», especialmente «as vítimas do homem, das doenças, das injustiças, dos conflitos fratricidas e de toda forma de violência que infelizmente continua afetando adultos e crianças, sem poupar os missionários, sacerdotes, religiosos, religiosas e voluntários».
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Em foco
Denunciar «corajosamente» a cultura abortista, chama arcebispo brasileiroRelativismo é «veneno terrível na cultura contemporânea», afirma D. Walmor de AzevedoBELO HORIZONTE, domingo, 15 de março de 2009 (ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte (Minas Gerais), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, adverte contra o «veneno terrível» do relativismo na sociedade e chama a denunciar «corajosamente» a cultura abortista.
«O relativismo ético que fermenta a cultura contemporânea está solapando o sentido inviolável na consideração da vida humana», afirma o arcebispo, em artigo enviado a Zenit na sexta-feira.
Por isso –prossegue Dom Walmor–, «o horizonte está, lamentavelmente, povoado de acontecime! ntos bárbaros como o estupro de crianças, todo tipo de exploração sexual, violências hediondas; e a ‘abominação da desolação’ da cultura abortista que vai tomando conta das considerações e dos procedimentos na sociedade».
O arcebispo explica que o «resultado nefasto» do «relativismo que reina incontestado» é que «o próprio “direito” deixa de o ser, porque já não está solidamente fundado sobre a inviolável dignidade da pessoa, mas fica sujeito à vontade do mais forte».
«Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo.»
«O Estado deixa de ser a “casa comum”, onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume! de poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, desde a criança ainda não nascida até ao idoso, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns», afirma.
«Quando uma maioria parlamentar ou social decreta a legitimidade da eliminação, mesmo sob certas condições, da vida humana ainda não nascida, por ventura não assume uma decisão “tirânica” contra o ser humano mais débil e indefeso?», questiona.
Dom Walmor considera que é preciso, «corajosamente, denunciar a cultura abortista que está na onda de muitos». «A sociedade toda precisa tomar consciência de que o veneno do relativismo é tão grave quanto os outros venenos que vão corroendo o tecido de uma sociedade justa e solidária.»
Segundo o arcebispo, é necessário «recompor a consciência diluída pelo relativismo com a recuperação de valores e com o confronto com as penalizações devidas para a correção de casos e situações».
«Este entendimento norteia o coração do discípulo de Jesus Cristo e indica o caminho perdido que a humanidade deste terceiro milênio precisa encontrar.»
«A referência insubstituível é: A vida é presente gratuito de Deus, dom e tarefa que devemos cuidar desde a fecundação, em todas as suas etapas, até a morte natural, sem relativismos. Só este compromisso e por este caminho se gerará a nova cultura da vida», afirma.
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Entrevistas
Igreja na Argentina: no meio de mercado de religiõesEntrevista com Dom Enrique Eguía, bispo auxiliar de Buenos Aires e secretário da Conferência Episcopal Argentina
Por Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO, domingo, 15 de março de 2009 (ZENIT.org).- Em um país com 2.500 cultos, a Igreja Católica na Argentina enfrenta novos desafios, que seus bispos estão analisando durante a visita ad limina apostolorum que realizam à Santa Sé desde 7 de março passado.
Durante estes dias, visitaram diferentes dicastérios vaticanos, onde expuseram os esquemas de trabalho de suas diferentes dioceses e o enquadraram no contexto da Igreja universal.
A Argentina, país com 90% de população católica, ! tem 70 dioceses com realidades e desafios muito diferentes. Desde ontem até sábado, os bispos estão tendo um encontro com o Papa Bento XVI na Sala Clementina do Vaticano.
Zenit falou com Dom Enrique Eguía, secretário da Conferência Episcopal Argentina e bispo auxiliar de Buenos Aires, acerca desta visita, os frutos que pode trazer para o país e os principais desafios pastorais.
– Em sua opinião, quais podem ser os frutos desta visita para a atividade pastoral na Argentina?
– Dom Enrique Eguía: Primeiro, uma comunicação, aproximação e conhecimento nos diversos organismos do Vaticano para que, desde lá se conheça a vida e a atividade da missão na Argentina, levando em conta que esta visita está precedida pelos informes que cada diocese faz – entre 50 e 200 páginas. Isso permite uma aproximação! muito fraterna para dar-nos a conhecer e também entre nós poder saber com quem contamos para nossa tarefa evangelizadora.
– Quais são as principais características da fé do povo argentino?
– Dom Enrique Eguía: Como em toda a América Latina, em nosso país se dá o processo da religiosidade popular. Isso realmente é um dom de Deus, há uma cultura naturalmente religiosa. Nós dizemos sempre que a tarefa evangelizadora é a de sustentar a fé e aumentá-la. Há um desafio muito grande na Argentina, que consiste em aumentar e ajudar essa fé a crescer, essa fé que está no coração de nossos povos. Por isso, o grande desafio não é tanto apresentar a fé aos não-crentes, mas fazer crescer e amadurecer a fé dos crentes para que se viva mais plenamente. É um dom de Deus poder trabalhar a partir de grandes multidões em torno dos santuários. Na Argentina há muitos santuários que reúnem multidões de pessoas de forma periódica. Isso permite uma tarefa pastoral permanente, porque a Igreja oferece em cada experiência de santuário uma quantidade de sacerdotes que acompanha esta experiência confessando e celebrando missa. É uma maravilha ver como mais de um milhão de pessoas vão em peregrinação o Luján uma vez por ano. Ao longo do caminho encontram algum sacerdote para confessar-se e crescer na fé.
– Quase três anos depois de ter realizado a 5ª conferência geral do episcopado latino-americano e do Caribe em Aparecida, quais foram os frutos deste evento para a evangelização em seu país?
– Dom Enrique Eguía: O caminho vai se dando pouco a pouco. Por um lado, tr! ata-se de descobrir a importância de renovar de modo missionário a pastoral cotidiana; trabalhar sobre o cotidiano, dando-lhe uma forte perspectiva missionária. Isso é importante para poder vincular com os planos pastorais diocesanos. Para que Aparecida não seja como algo novo que deve ser acrescentado, mas o caminho natural da Igreja, desde os missionários. É preciso pensar em como se trabalham os batismos, a catequese, a paróquia evangelizadora, e todas as tarefas cotidianas pensá-las a partir da perspectiva missionária. Isso pode ser a primeira vertente.
A segunda é a necessidade de ter novamente, de maneira organizada e programática, missões concretas, com objetivos e prazos para poder chegar a todos. Há um duplo caminho: a renovação da pastoral cotidiana e a necessidade de ter sinais visíveis com missões programadas e com objetivos concretos.! Assim, podemos responder ao espírito de Aparecida, que vai tocando pouco a pouco. O que realmente foi muito bem recebido é a identidade cristã como discípulos e missionários. Sobre isso está se trabalhando nas paróquias. A vocação do cristão é ser discípulo e ser missionário. Há grandes expectativas e pouco a pouco se abrem estas duas vertentes.
– Em seu país se reconheceram mais de 2.500 cultos religiosos diferentes. Qual é o principal desafio para a Igreja no meio desse mercado de religiões?
– Dom Enrique Eguía: O desafio é permanente. Sobretudo nas regiões mais populares. A Igreja tem de estar atenta para ter sua capela, uma presença da comunidade católica. Também nos preocupa o fenômeno do «passeio» que as pessoas fazem: podem estar na seita e voltam para a Igreja e! depois, por exemplo, vão para uma igreja universal eletrônica. Agora, o grande desafio é conseguir que as pessoas tenham uma experiência e que descubram que a plenitude da fé se vive na Igreja Católica. Mas muita gente tem a concepção de prateleira de supermercado, que cada dia se pega o mesmo produto numa embalagem diferente. O grande desafio está aí.
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Angelus
Bento XVI: «Quero abraçar o continente africano inteiro»Intervenção por ocasião do Ângelus
CIDADE DO VATICANO, domingo 15 de março de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos a seguir as palavras do Papa hoje, durante a oração do Ângelus, aos peregrinos do mundo inteiro reunidos na Praça de São Pedro.
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Queridos irmãos e irmãs:
Da terça-feira, dia 17, até a segunda-feira 23, levarei a cabo minha primeira viagem apostólica à África. Dirigir-me-ei a Camarões, à capital Iaundé, para entregar o «Instrumento de Trabalho» da 2ª Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que acontecerá em outubro aqui no Vaticano; prosseguirei d! epois para Luanda, capital da Angola, um país que, após uma longa guerra interna, reencontrou a paz e agora está chamado a reconstruir-se na justiça. Com esta visita, pretendo abraçar o continente africano inteiro: suas mil diferenças e sua profunda alma religiosa; suas antigas culturas e seu fatigoso caminho de desenvolvimento e de reconciliação; seus graves problemas, suas dolorosas feridas e suas enormes potencialidades e esperanças. Quero confirmar os católicos na fé, animar os cristãos no empenho ecumênico, levar a todos o anúncio da paz confiado à Igreja pelo Senhor ressuscitado.
Enquanto me preparo para esta viagem missionária, ressoam na minha alma as palavras do apóstolo Paulo que a liturgia propõe para a nossa meditação hoje, terceiro domingo da Quaresma: «mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os! judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos - quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus» (1 Cor 1, 23-24). Sim, queridos irmãos e irmãs. Parto para a África com a consciência de não ter outra coisa a propor e entregar àqueles com quem eu me encontrar senão Cristo e a Boa Notícia da sua cruz, mistério de amor supremo, de amor divino que vence toda resistência humana e que torna possível inclusive o perdão e o amor aos inimigos. Esta é a graça do Evangelho capaz de transformar o mundo; esta é a graça que pode renovar também a África, porque gera uma força irresistível de paz e de reconciliação profunda e radical. A Igreja não procura, portanto, objetivos econômicos, sociais ou políticos; a Igreja anuncia Cristo, convencida de que o Evangelho pode tocar os corações de todos e transformá-los, renovando dessa forma desde dentro as pessoas e a sociedade.
No dia 19 de março, precisamente durante a visita pastoral à África, celebraremos a solenidade de São José, padroeiro da Igreja universal e também meu pessoal. São José, advertido em sonhos por um anjo, teve de fugir com Maria ao Egito, à África, para colocar a salvo Jesus recém-nascido, a quem o rei Herodes queria matar. Cumprem-se assim as Escrituras: Jesus copiou os passos dos antigos patriarcas e, como o povo de Israel, voltou a entrar na Terra Prometida após ter estado no exílio do Egito. À intercessão celeste deste grande santo confio a próxima peregrinação e as populações da África inteira, com os desafios que a marcam e as esperanças que a animam. Em particular, penso nas vítimas do home! m, das doenças, das injustiças, dos conflitos fratricidas e de toda forma de violência que infelizmente continua afetando adultos e crianças, sem poupar os missionários, sacerdotes, religiosos, religiosas e voluntários. Irmãos e irmãs, acompanhai-me nesta viagem com vossa oração invocando Maria, Mãe e Rainha da África.
[Tradução: Aline Banchieri. Revisão: José Caetano.
© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana]

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