quarta-feira, 18 de junho de 2008

Crise de gasóleo afecta cidades do interior





Bissau, 18 Jun (Lusa) - A crise do gasóleo que afecta há duas semanas a capital da Guiné-Bissau já começa a ser sentida nas principais cidades do interior do país, disseram hoje à agência Lusa vários residentes daquelas localidades.


Samba Sow, jornalista da rádio Sintchã Oco (estação privada), disse à Lusa que o gasóleo "já começa a escassear" em Gabú, cidade situada a 200 quilómetros a leste de Bissau, conhecido entreposto comercial entre a Guiné-Bissau, Guiné-Conacri e Senegal.
"Nos últimos dias, nota-se um reduzido fluxo do trânsito automóvel em Gabú, fruto da crise do gasóleo", indicou Samba Sow, também presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos naquela região leste da Guiné-Bissau.
Segundo Sow, apenas uma bomba da Galp/Petromar é que tem estado a vender gasóleo em toda cidade de Gabú o que tem provocado "extensas filas" de carros, situação inusitada naquelas paragens.
No mercado paralelo, explicou Samba Sow, o gasóleo tem sido vendido, em Gabú, até 800 francos cfa por litro (1,22 euros).
Em Bafatá, segunda capital da Guiné-Bissau, Baba Camará, director desportivo do Sporting Clube local, deu o exemplo das dificuldades que sentiu no último fim-de-semana para arranjar 20 litros do gasóleo para atestar a carrinha que ia transportar os jogadores para uma partida de futebol em Bissau.
"Tivemos que pagar quase mil francos cfa (cerca de 1,5 euros) por litro para conseguir 20 litros para atestar o carro, foi um cabo dos trabalhos arranjar gasóleo", explicou.
Baba Camará disse não compreender bem o que se passa, apenas sabe que não há gasóleo em Bafatá na medida em que as duas bombas que existem na cidade "há muito que deixaram de vender".
"Tivemos que comprar a uns rapazes que fazem a revenda", do gasóleo, disse Baba Camará, frisando ser esta a alternativa que muitos estão a seguir em Bafatá e arredores.
Já em Ingoré, localidade situada no norte da Guiné-Bissau e próxima da fronteira com o Senegal, Salum Bodjan disse à Lusa que a crise do gasóleo não está a ser sentida na zona porque o abastecimento é feito a partir das bombas senegalesas.
"O Senegal é aqui ao lado, 15-20 quilómetros, vamos lá de bicicleta e compramos combustível, não há crise", afirmou Bodjan, pequeno comerciante de revenda do gasóleo em Ingoré.
"Nós não dependemos aqui muito das crises de Bissau, resolvemos os nossos problemas no Senegal", sublinhou Salum Bodjan, que disse desconhecer que a capital do país está a ser afectada por uma crise do gasóleo.
"Porque é que não vão comprar ao Senegal, como nós fazemos?", questionou o comerciante.
Quando informado de que há um braço-de-ferro entre o Governo e as empresas de venda de combustíveis que reclamam o aumento do preço de venda ao público, Salum Bodjan não teve dúvidas: "o melhor é o Governo atender às reivindicações dos colegas comerciantes". MB

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